Há pouco tempo atrás, um homem que nunca tinha visto na minha vida, começou à conversar comigo.
Parecia estar bêbado, tinha cara de sofrido ...
Mas mesmo assim, não fiz como muitas pessoas, que não daria a mínima atenção à ele, vendo ele naquele estado. E comecei à conversar com ele também.
Comecei à notar que apesar de estar naquele estado, ele falava coisas que faziam sentido, e que o vocabulário dele era extenso.
Conversamos por um tempo, ele me contou um pouco sobre a vida dele.
Me contou sobre sua família, sobre seus filhos, sobre suas duas ex-esposas...
Me contou também que cursou até o terceiro ano de Filosofia, em uma das faculdades mais conceituadas de São Paulo.
Perguntei à ele, o porquê dele não ter concluido a faculdade, ele me respondeu, que, é uma área com poucas opções no mercado de trabalho.
Depois de um tempo, notamos que nenhum sabia o nome do outro, então me apresentei, falei meu nome, Thaís, ele Pablo.
Ele contou mais sobre os filhos dele, contou que, escolheu o nome de todos eles, eram cinco...Eu podia sentir apenas olhando os olhos daquele senhor, o quanto ele amava seus filhos, uma em especial, ele falou que tinha muita admiração, se me recordo bem, o nome dela era Priscila.
Ficamos por mais algum tempo conversando, e por fim, o ônibus que estava esperando chegou e eu me fui.
Fui, pensando naquele homem, pensando em tudo o que ele viveu, e o que aconteceu pra ele hoje estar naquele estado.
Talvez seja a falta de oportunidade, quem sabe se ele estivesse seguido na área que ele tinha começado à estudar, ele não estaria em uma vida melhor hoje.
Quem sabe se ele estivesse casado, ele poderia estar mais junto dos filhos dele, que ele demonstra ter tanto amor, e podendo estar compartilhando esse amor com eles, ele não estaria daquele jeito em que eu encontrei ele...Talvez ele só estava daquele jeito, só estava bebendo pra esquecer por um momento tudo o que ele já teria passado na vida.
A expressão daquele homem, era de sofrimento, era de alguém que parecia ter sofrido muito já na vida.
Não me arrependo de ter parado naquele momento e ter escutado, e conversado com aquele homem, as pessoas à vezes julgam as outras só pelo o que elas fazem, e não pelo o que elas são.
Ninguém sabe o porquê aquele homem estava naquele estado, ninguém sabe o passado, e nem o que o fez ele ficar assim hoje.
As pessoas olhavam torto para ele, apenas por ele não estar com uma boa postura.
Mas quer saber?
Não me importo por como ele estava, conversar com ele, ouvir um pouco sobre a vida dele, só me comprovou que tudo o que somos hoje, faz parte do que vivemos. E que pouco importa o que as pessoas pensam, ninguém sabe o quanto eu caminhei, e tudo o que eu passei, pra ser o que eu sou hoje.
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